A maioria dos acolhidos chega após vivenciar situações de abandono ou extrema vulnerabilidade. Um exemplo é o de seu Jonas, encontrado em situação de rua no Recife e encaminhado ao abrigo com o apoio da assistência social. “Passou mal no calçadão do Mercado de São José, foi hospitalizado e, sem ter para onde ir, veio parar aqui. Hoje está bem cuidado em nosso abrigo”, conta Sávio Duarte, novo diretor-presidente da instituição.
Fundado em 1983, com sede inaugurada em 1987, o Lar Amélia França é mantido pela Loja Maçônica União e Fraternidade Surubinense e conta com uma equipe de dez colaboradores. A aposentadoria dos internos, quando disponível, cobre parte das despesas. Por norma, 70% do benefício é destinado à manutenção da casa, e os outros 30% permanecem com o idoso para uso pessoal.
“A folha de pagamento e parte dos custos são cobertos com essas contribuições. O restante depende de doações, eventos e campanhas. Não recebemos repasses diretos do poder público”, explica Luís Fernando Germano, diretor tesoureiro do Lar.
Embora a Secretaria de Saúde de Surubim ofereça apoio com visitas médicas, medicamentos e insumos, o abrigo não está inserido em programas que garantam repasses regulares, como o Fundo Municipal do Idoso.
Um dos maiores entraves enfrentados pela instituição é de ordem judicial: um processo bloqueou o acesso do Lar a recursos públicos e até mesmo ao Pix institucional. “O CNPJ está ativo, mas a pendência trava a entrada de emendas e doações maiores. Já perdemos ajudas importantes por causa disso”, desabafa Sávio Duarte.
Com despesas que incluem cerca de 45 kg de arroz e feijão por mês, R$ 800 mensais apenas com gás de cozinha e até 8 litros de leite por dia, a sobrevivência do Lar depende fortemente da solidariedade popular. Alimentos e materiais de limpeza chegam por meio de doações de moradores, igrejas, escolas e até desconhecidos.
“Tem gente que manda polpa de fruta, coco, produtos de higiene. Outros preferem doar em dinheiro, e muitos nem dizem o nome. Cada ajuda é essencial”, conta Cristina Alves, colaboradora da instituição.
A rotina dos acolhidos inclui cinco refeições diárias, liberdade de acesso à cozinha e troca diária de roupa de cama. O acolhimento é feito com zelo e atenção, mesmo diante das limitações enfrentadas pela equipe e pela estrutura.
GRATIDÃO AO LAR
A história de Raimundo Manoel de Oliveira, natural de Vertente do Lério e atualmente com 74 anos, é um exemplo de gratidão ao Lar Amélia França. Após trabalhar por muitos anos como caminhoneiro no Paraná e em São Paulo, retornou a Pernambuco e, em 2009, sem ter onde morar, procurou o abrigo.
Desde então, contribuiu com diversos serviços no Lar, como limpeza e até vigilância. Hoje, apesar de limitações físicas, é o único interno com autonomia para sair e resolver questões pessoais fora da casa. “O Lar Amélia França é minha casa. Tenho meu espaço aqui, e só tenho que agradecer por todos esses anos de apoio que recebi”, declara Raimundo.
NOVA GESTÃO E PLANEJAMENTO
Há menos de dois meses, uma nova diretoria assumiu a gestão do Lar com a meta de reestruturar financeiramente e regularizar juridicamente a instituição. Entre as ações planejadas estão a retomada de carnês de contribuição mensal, a realização de bazares e a promoção de eventos que envolvam a comunidade.
“É uma luta diária, mas a gente não pode parar. Cada pequeno gesto de ajuda faz esse lugar continuar de pé”, afirma Sávio Duarte, que também atua como dentista.
Composição atual da diretoria do Lar Amélia França:
- Sávio Duarte – Diretor-Presidente
- Lívio Aguiar de Arruda – Diretor Administrativo
- Valfrido Luís de Melo – Diretor Administrativo Adjunto
- Rodrigo Martins dos Santos – Diretor Secretário
- João Paulo Campos Leal – Diretor Social
- Luís Fernando Germano – Tesoureiro
- Anísio Júnior, Charles Silva da Rocha, Marcos Figueira, Francisco Luiz e Ricardo Toscano – Conselheiros Fiscais
COMO AJUDAR
A instituição aceita doações de alimentos, materiais de limpeza, produtos de higiene pessoal e também a adoção de cofrinhos de coleta em pontos comerciais. As visitas ao abrigo são bem-vindas, mas precisam ser agendadas e ocorrem em horários específicos para não interferir na rotina dos idosos:
- Segunda a sexta-feira: das 15h às 16h
- Sábados e domingos: das 10h às 11h
“Quando a pessoa conhece a realidade daqui, se sensibiliza. Às vezes, uma visita vale mais do que mil palavras”, reforça Cristina Alves.
SERVIÇO:
Associação de Proteção à Velhice Desamparada de Surubim | Lar Amélia França
- Endereço: Rua Eraldo Gueiros Leite, s/nº, bairro bela Vista (Salgado), Surubim
- Perfil no Instagram
Contato:
- Telefone: (81) 98821-8160
Horários de Visita:
- Segunda a sexta-feira: 15h às 16h
- Sábados e domingos: 10h às 11h
"Todo gesto, por menor que seja, acende uma luz no Lar Amélia França. Faça sua Doação"
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