Foto: Rodrigo Gonçalves/Fenearte
Artesãos e empreendedores esgotaram estoques de produtos, fecharam parcerias e reconhecem importância da Feira das Feiras
O cenário é de satisfação para os artesãos e empreendedores que participam da 25ª Fenearte – Feira Nacional de Negócios do Artesanato. Alguns relatam ter vendido grande parte — ou até a totalidade — de seus produtos, correndo contra o tempo para fazer reposições, além de fechar parcerias com lojistas e grandes marcas de todo o Brasil. O evento é realizado no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda, desde o último dia 9 e termina neste domingo (20). Dados como o impacto econômico do evento serão divulgados pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (21).
No setor internacional, o estande 571, onde fica a Casa do Matrioska, está sempre lotado. O sucesso do espaço reside nos itens da cultura russa, como a tradicional boneca matrioska, além de roupas, objetos decorativos e artigos que remetem à antiga União Soviética. Para o empresário russo Vladislav Yunga, conhecido como Vlad, a Fenearte é a melhor feira de artesanato do mundo. “A gente expõe em uma feira em Milão, na Itália, que é bem conhecida, mas a Fenearte é onde mais vendemos. Acho que este é o nosso quinto ano aqui, e as vendas estão excelentes”, pontua o empresário.
A Fenearte é também uma importante plataforma de negócios. O designer Elismar Santos conta que fechou, nesta edição, um acordo de revenda com a empresa de móveis e decoração Tok&Stok. São luminárias que estão disponíveis no estande dedicado ao estado de Goiás, localizado na rua 7. Entretanto, nem todas estão à venda. “Escolhi peças como teste, e nada melhor que o público pernambucano para verificar a aceitação. Participei de feiras em São Paulo e em Goiás, e elas não se destacam como aqui.” Além do networking, o goiano já lucrou por volta de R$ 30 mil com a venda de suas peças na feira.
Para os expositores pernambucanos, não é diferente. O artesão Aldemir Nascimento, popularmente conhecido como Mito Escultor, do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, contou que vendeu todo o seu estoque — cerca de 600 peças — nos três primeiros dias da feira. As esculturas de madeira, pintadas à mão, têm contornos estéticos contemporâneos e também narrativos. Segundo Mito, além das vendas presenciais, ele já realizou diversas transações por meio de seu perfil no Instagram (@mitoescultor) — que ganhou novos seguidores por conta da exposição — e também pela agência dos Correios instalada dentro da Fenearte, que recebe encomendas para envios para todo o Brasil.
“Participo da feira há 14 anos e é sempre um grande sucesso. Durante todo o evento, mantive uma produção intensa de peças no meu ateliê, porque a demanda foi enorme. Enquanto esculpia, minha esposa ficava aqui no estande pintando e vendendo”, relata, ao dizer que dobrou o total de vendas em comparação ao último ano e sairá com encomendas até setembro. Ainda de acordo com o artesão, com estande na rua 2, a experiência adquirida em anos anteriores contribuiu para o aumento das vendas. “Nas outras edições, tive muitos problemas de logística, mas este ano organizamos melhor o fluxo do estande e da produção. Estamos muito felizes.”
Mesmo quem expõe na feira pela primeira vez sente a diferença da valorização e do consumo de artigos de arte e artesanato na Fenearte. Os abridores de letras paraenses Kekel e Barata, do Instituto Letras que Flutuam foram convidados a mostrar seu trabalho no Espaço Janete Costa. Eles pintam, em pedaços de madeira de barcos e palafitas, letreiros em fontes vernaculares, ultracoloridos e ornamentados, tão comuns no Norte do Brasil. Kekel conta que a passagem pela Fenearte superou o lucro esperado, especialmente na estreia, quando vendeu mais de R$ 12 mil em peças num só dia. Para a reposição, ele precisou garimpar pedaços de madeira na praia de Boa Viagem.
Na rua 10, a marca Tânia Bonfim Bolos participa da feira pela primeira vez, no estande 274. São produções de confeitaria quase artísticas, com diversos sabores. A empresa realiza reposição diária dos estoques para atender a alta demanda. No primeiro sábado da feira, foram vendidos 3 mil bolos, por até R$ 24 cada, obrigando-a a uma reposição de mais 2 mil unidades. “O que mais vendemos é o bolo pequeno, mas muitas pessoas estão fazendo encomendas também. Como é a nossa primeira vez na Fenearte, não esperávamos tanta procura. O nosso ateliê está com uma produção gigantesca”, contou Hugo Bonfim, filho da proprietária que dá nome à doceria.
Investimento
A 25ª edição da Fenearte recebeu um investimento de R$ 15 milhões do Governo de Pernambuco, através da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe). A feira espera renovar ou superar os números de 2024, quando alcançou impacto econômico de R$ 108 milhões, com cerca de 320 mil visitantes e aprovação de 98,6% do público.
Fenearte
Política pública que já marcou a história do artesanato brasileiro e que continua vibrante e aguardada por mestres, artesãos e toda a gente que reverencia a cultura popular, a Fenearte — Feira Nacional de Negócios do Artesanato chega à 25ª edição envolta por uma atmosfera de festa. Neste ano, a Maior Feira de Artesanato da América Latina fará uma celebração à própria memória, com o tema “A Feira das Feiras”. Será de 09 a 20 de julho, no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda.
Ao mesmo tempo em que valoriza a própria história, a 25ª Fenearte fará a sua comemoração evocando as feiras livres de todo o Estado. Foram nelas onde primeiro os artesãos puderam mostrar as suas artes e delas sobreviverem, como os mestres do barro em Caruaru, os loiceiros e os seus utilitários; os artesãos da cestaria em palha, do vestuário em couro e dos brinquedos de madeira e de pano; as rendeiras que resistem na Feira da Renascença de Pesqueira.
Realizada pelo Governo do Estado por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco — Adepe, a 25ª Fenearte já está com ingressos à venda pelos sites da Fenearte e Adepe e em pontos físicos.
Da Folha de Pernambuco